Esse texto reflete bem o que estou pensando nesse momento.
Estou colocando o texto na integra....
O que aprendi
Alexandre Henry
Amanhã, completo 35 anos de idade. Ainda estou muito novo, mas não é mais
unanimidade ser chamado de jovem. Gosto desse termo: jovem! Soa tão vivo…
Shakespeare escreveu que aos loucos tudo é perdoado. Pois aos jovens tudo é
possível. O maior patrimônio da juventude é o futuro, com suas portas abertas.
Não, ainda não estou velho, só tenho um pouco mais de experiência do que tinha
aos dezenove, quando comecei a escrever aqui. Aprendi muitas coisas, muitas.
Descobri alguns segredos tão evidentes que só a empolgação da juventude é capaz
de ocultá-los. Por exemplo, que viver uma paixão é mais fácil do que cultivar
um amor. O bom senso é a mais pacificadora das virtudes e a paciência não é
para qualquer um, só para quem vai chegar muito longe. Quem me ama também pode
me machucar muito. Mais do que isso: posso achar que sou uma pessoa boa, mas
algum dia também vou machucar o coração que me quer. Vou chorar e arrancar
lágrimas. Vou achar que não vale mais a pena viver, até descobrir que ainda
estou vivo e me sentir muito feliz por isso.
Posso passar no vestibular dos meus sonhos e terminar com um diploma que não
faz a realidade brilhar. Mas, nunca é tarde para recomeçar, desde que você faça
isso agora e pare de perder tempo, porque daqui a pouco vai ser tarde demais!
Sei que é importante ter um imóvel para morar, pois todo mundo precisa de um
canto seu, para ter segurança em relação ao imprevisível futuro. Mas, alguém
pode morar em mais de um lugar? Decidi então colecionar lembranças de viagens,
ao invés de escrituras. Nem as lembranças e nem as escrituras vão comigo para o
caixão, mas ainda acredito que, quando eu estiver deitado em uma cama,
despedindo-me deste mundo, as memórias do fim de tarde naquela viagem
inesquecível ainda serão uma companhia mais agradável do que um título de
propriedade. Ter amigos é muito bom, mas eles não surgem do nada, como capim em
terreno baldio. É preciso demonstrar carinho, ligar, mandar mensagens, dividir
um vinho em meio a uma conversa agradável, bater um papo animado em um
churrasco de domingo, encontrar para dar dicas das próximas férias, telefonar
só para saber se está tudo bem. Assim, é possível ter muitos e bons amigos. Só
assim.
Talvez pudesse escrever um livro sobre tudo o que aprendi, mas seria bobagem
porque eu ainda não sei nada. Percebi isso ao ver que meu vizinho de três anos
conseguia me deixar perdido com suas estripulias. Crianças! Sim, já escrevi
muitos livros, plantei algumas árvores, mas ainda sinto falta de algo. Não sei
se serei feliz com a paternidade, mas sei que sem filhos as memórias de viagens
não serão companhia suficiente lá no final. Quando eles virão, não sei, mas sei
que é com eles que ainda vou aprender muita coisa.
Alexandre Henry
Amanhã, completo 35 anos de idade. Ainda estou muito novo, mas não é mais
unanimidade ser chamado de jovem. Gosto desse termo: jovem! Soa tão vivo…
Shakespeare escreveu que aos loucos tudo é perdoado. Pois aos jovens tudo é
possível. O maior patrimônio da juventude é o futuro, com suas portas abertas.
Não, ainda não estou velho, só tenho um pouco mais de experiência do que tinha
aos dezenove, quando comecei a escrever aqui. Aprendi muitas coisas, muitas.
Descobri alguns segredos tão evidentes que só a empolgação da juventude é capaz
de ocultá-los. Por exemplo, que viver uma paixão é mais fácil do que cultivar
um amor. O bom senso é a mais pacificadora das virtudes e a paciência não é
para qualquer um, só para quem vai chegar muito longe. Quem me ama também pode
me machucar muito. Mais do que isso: posso achar que sou uma pessoa boa, mas
algum dia também vou machucar o coração que me quer. Vou chorar e arrancar
lágrimas. Vou achar que não vale mais a pena viver, até descobrir que ainda
estou vivo e me sentir muito feliz por isso.
Posso passar no vestibular dos meus sonhos e terminar com um diploma que não
faz a realidade brilhar. Mas, nunca é tarde para recomeçar, desde que você faça
isso agora e pare de perder tempo, porque daqui a pouco vai ser tarde demais!
Sei que é importante ter um imóvel para morar, pois todo mundo precisa de um
canto seu, para ter segurança em relação ao imprevisível futuro. Mas, alguém
pode morar em mais de um lugar? Decidi então colecionar lembranças de viagens,
ao invés de escrituras. Nem as lembranças e nem as escrituras vão comigo para o
caixão, mas ainda acredito que, quando eu estiver deitado em uma cama,
despedindo-me deste mundo, as memórias do fim de tarde naquela viagem
inesquecível ainda serão uma companhia mais agradável do que um título de
propriedade. Ter amigos é muito bom, mas eles não surgem do nada, como capim em
terreno baldio. É preciso demonstrar carinho, ligar, mandar mensagens, dividir
um vinho em meio a uma conversa agradável, bater um papo animado em um
churrasco de domingo, encontrar para dar dicas das próximas férias, telefonar
só para saber se está tudo bem. Assim, é possível ter muitos e bons amigos. Só
assim.
Talvez pudesse escrever um livro sobre tudo o que aprendi, mas seria bobagem
porque eu ainda não sei nada. Percebi isso ao ver que meu vizinho de três anos
conseguia me deixar perdido com suas estripulias. Crianças! Sim, já escrevi
muitos livros, plantei algumas árvores, mas ainda sinto falta de algo. Não sei
se serei feliz com a paternidade, mas sei que sem filhos as memórias de viagens
não serão companhia suficiente lá no final. Quando eles virão, não sei, mas sei
que é com eles que ainda vou aprender muita coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário